Resiliência
- Janaina Canova
- 19 de ago. de 2021
- 2 min de leitura
Pessoas resilientes são capazes de evoluir à partir de situações extremas

Quando surge uma situação difícil na vida do seu filho, como ele reage: chora, foge ou enfrenta? Dizemos que resiliente é aquele que não apenas enfrenta, mas é capaz de sair fortalecido emocionalmente. A palavra resiliente surgiu na física para definir a capacidade que certos materiais têm de absorver impactos e retornar à forma original. Já para os seres humanos, o termo significa a habilidade de lidar e superar as adversidades, transformando experiências negativas em aprendizado e oportunidade de mudança.
Nada fácil para crianças e adolescentes reagir dessa forma. A noção de causa e consequência só se desenvolve nos seres humanos por volta dos 18 anos, quanto o córtex pré frontal termina de se formar. Antes disso, somos mais imediatistas e temos menos condição de enxergar nos problemas atuais as soluções para o futuro.
Ainda assim podemos, por meio de uma educação ponderada, estimular essa capacidade em nossas crianças.
Uma família de expatriados por exemplo. Que momento de vida pode ser mais propício para desenvolver a resiliência em nossos jovens? Apesar de inúmeros ganhos futuros, no cotidiano eles serão privados de coisas que são muito valiosas: encontros com os amigos do país de origem, festas em família, convívio na escola na qual passaram muitos anos. A família precisa transformar essa experiência em algo significativo em termos de amadurecimento, dialogando sempre e mostrando os aspectos negativos e positivos da situação e deixando claro para a criança que, apesar dela não conseguir vislumbrar, os ganhos futuros serão imensos.
Exemplos externos também podem (e devem) ser trazidos para as conversas em família, especialmente com os adolescentes. Há muitos anos, li um relato sobre uma inscrição encontrada ao lado da cama de um campo de concentração nazista que dizia:
“Amanhã eu fico triste, amanhã: hoje não. Hoje fico alegre. E todos os dias, por mais amargos que sejam, eu digo: amanhã fico triste, hoje não!”.
Essa frase me marcou profundamente e de certa forma, despertou para a busca de respostas sobre como alguns povos possuem a capacidade de resiliência mais desenvolvida do que outros.
Em 2019, o último sobrevivente do holocausto ainda vivo no Brasil , Andor Stern, disse, de forma suave e despretensiosa, em uma palestra que tive a alegria de assistir:
“Ao mesmo tempo que o destino me tirou o que eu tinha de mais valioso, ele me restituiu tudo o que eu perdi. Me devolveu a alegria de viver para ver os meus filhos, netos e meu bisnetinho crescerem. (...) Me lembro que li, quando ainda era menino e estava me apaixonando pela literatura, que esse universo aqui, esse mundo todo, não foi inventado para você, você é mero participante... O ódio só faz doer algo em mim, não no outro. Então por que alimentá-lo?"
Essa é uma lição de resiliência e aceitação dos nãos que a vida nos irá impor que supera qualquer outra definição que o dicionário possa oferecer.
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