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O lugar do ócio na infância

  • Foto do escritor: Janaina Canova
    Janaina Canova
  • 19 de ago. de 2021
  • 2 min de leitura

Ou quando foi mesmo que eles se transformaram em altos executivos?

O lugar do ócio na infância, da fantasia, do brincar livre e despretensioso, foi ocupado por atividades dirigidas nas mais diversas áreas: escolas em tempo integral oferecendo de balé a robótica, de leitura e escrita a linguagem de programação, brinquedotecas transformadas em oficinas maker (seja o que for que isso queira dizer). Culinária, montaria, projetos de pesquisa, judô, natação, futebol, circo, street dance, corte e costura, inglês 10 vezes por semana, espanhol outras tantas, alemão pode ser um diferencial, mas quem sabe francês possa abrir portas para a europa. Lições de casa diárias para crianças de 5 anos que passam 8 horas na escola…

E nunca ouse dizer que seu filho brinca a tarde no quintal… uma enxurrada de críticos lhe farão longos discursos sobre o tempo que ele está perdendo deixando de participar do concurso oculto pelo filho mais bem preparado. Mas, lembrando que não sabemos preparados para quê…


"Sou hoje um caçador de achadouros da infância.

Vou meio dementado e enxada às costas cavar no meu quintal

vestígios dos meninos que fomos.

Manoel de Barros



Chegamos então nos eletrônicos, essas máquinas maravilhosas e o mundo em suas mãos. Não há mais lugar para o tédio. Está triste? Joga vídeo game. Está sozinho? Assiste NetFlix (nada mais moderno do que TV On Demand). Não sabe como fazer? Procura um tutorial no youtube. Os tutoriais são a versão moderna dos avós. Aprendi tanto sobre como fazer qualquer coisa com eles...

Ninguém mais desmonta brinquedo quebrado para tentar consertar (embora sempre sobrassem uns pares de peças após a remontagem)? Não se procuram mais insetos e ervas daninhas no jardim? Não se gira mais olhando para o céu até cair de tanta tontura? Eu bem gostava de me entreter assim…

Quando nos damos conta, tornamos a agenda de nossos filhos mais extensa do que a de executivos de multinacionais. E achamos que estamos fazendo o melhor para o seu futuro. Esquecemos um detalhe tão sutil quanto essencial: criança é presente. Ela é um ser histórico, social e cultural com características, desejos, sentimentos e necessidades próprias da idade. É na arte do brincar, do correr, do subir em tudo, do ficar entediada e ter que buscar entretenimento, que ela se descobrirá como ser autônomo, desejoso, criativo e que poderá dentro de suas potencialidade e preferências, traçar o seu caminho para o futuro. Primeiro ela precisa se constituir como cidadão, para depois fazer parte da sociedade do trabalho, da cadeia produtiva, da vida adulta.

É preciso que voltemos a ter o olhar espantado da criança que quando vê algo novo, para. Pensa, analisa, se encanta. Desse encantamento surge a dúvida, e dela, a descoberta.

Se estamos em dúvida quanto aos próximos passos que precisamos dar como pais e mães, devemos nos deixar levar pelo encantamento desse mundo novo. Parar, pensar, analisar, duvidar e descobrir o que realmente poderá ser importante para alguém daqui a 15, 20, 50 anos.

Há pistas para isso, elas estão em todos os lugares, mas os olhos precisam estar abertos.



 
 
 

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