Sobre uma reunião de pais e a dificuldade de se expressar em outros idiomas
- Janaina Canova
- 25 de ago. de 2021
- 2 min de leitura
Meses de vivência em um novo país, não nos capacitam para falar de forma clara sobre nossos sentimentos, valores, angústias e preocupações

Era a primeira reunião de pais na escola nova do meu filho de 11 anos. Estávamos todos muito ansiosos para saber sobre a adaptação, postura de estudante, resultados acadêmicos e dificuldades enfrentadas.
Pelo momento em que estávamos vivendo, a reunião foi on-line, um pequeno entrave a mais, mas as duas professoras que me aguardavam na sala do ZOOM estavam sorridentes e foram muito solícitas.
Iniciaram contando sobre o processo de adaptação, parte que foi mais fácil de compreender. Depois iniciaram uma conversa sobre as áreas de conhecimento, suas conquistas e desafios. Desse ponto em diante passei a entender partes desconexas. A expressão facial sempre gentil e amigável me deixava mais confiante, mas os detalhes, aqueles que eu tanto esperava saber, pouco pude absorver.
Percebendo minha angústia, pediram que eu falasse um pouco, que contasse como estavam sendo para o João esses primeiros meses de aula (parte presenciais/parte on-line). Eu já estava suando, tentando encontrar as melhores palavras, me esforçando para não deixar tão claro o quanto não era capaz de fazer essa descrição.
Acontece que fomos treinados por anos para identificar e nomear nossos sentimentos e percepções sobre o mundo em nossa língua de herança. No meu caso, o português.
Tentei em vão soltar algumas frases e palavras, por vezes desconexas, mas que com esforço de grandes mestras elas buscavam compreender.
A reunião terminou com sorrisos e palavras de incentivo, entendi que estava tudo bem com meu filho e que os aspectos a melhorar seriam trabalhados na escola, em um programa de apoio pedagógico para novos alunos.
Mas depois fiquei imaginando. Eu que sou pedagoga, acostumada com as expressões e termos utilizados nas escolas, tive tanta dificuldade em me expressar e compreender uma breve reunião de 20 min.
Sai decidida a intensificar meus estudos da língua, mas acima de tudo, pensando nos pais e mães que não são do universo escolar, que muitas vezes falam tão pouco ou menos que eu. Como a parceria família / escola pode se estabelecer sem um compromisso de compreensão de ambas as partes?
Quase como clickar na caixinha do fim da página da web que pergunta: Você concorda com todos os termos de nossa política de privacidade?
Nossos filhos são os bens maiores que possuímos e nossa responsabilidade vai além de compreender parte do que foi dito.
Desse momento em diante passei a enxergar a grande necessidade dos pais e filhos expatriados de terem alguém dando um suporte nessas situações, que não deveriam ser de stress, mas de acolhimento e parceria.
Iniciando o processo com a escolha da escola, que muitas vezes ocorre partindo de algumas poucas referências de famílias brasileiras que já vivem no local ou de uma breve visita à escola, que não garante que a família esteja elegendo aquela que realmente se adequada aos valores humanos, morais, éticos e acadêmicos da família que irá ingressar.
O trabalho de assessoria pedagógica tem essa finalidade. Auxiliar as famílias na busca pela escola ideal, na compreensão plana do que será exigido de seus filhos, formas de avaliação, atividades comunitárias e extra curriculares.
Para conhecer mais sobre esse trabalho, entre em contato comigo. Vamos entender juntos quais as suas expectativas e como posso trabalhar para tornar esse processo o mais assertivo e tranquilo possível.
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