Usando a literatura para conversar com seus filhos
- Janaina Canova
- 19 de ago. de 2021
- 2 min de leitura
Temas complexos, ou que exigem um pouco mais de repertório de vida, podem e devem ser discutidos com as crianças

Guarda- chuvas, de Rosana Rios
Tenho quatro guarda-chuvas
todos os quatro com defeito;
Um emperra quando abre,
outro não fecha direito.
Um deles vira ao contrário
seu eu abro sem ter cuidado.
Outro, então, solta as varetas
e fica todo amassado.
O quarto é bem pequenino,
pra carregar por aí;
Porém, toda vez que chove,
eu descubro que esqueci…
Por isso, não falha nunca:
se começa a trovejar,
nenhum dos quatro me vale –
eu sei que vou me molhar.
Quem me dera um guarda-chuva
pequeno como uma luva
Que abrisse sem emperrar
ao ver a chuva chegar!
Tenho quatro guarda-chuvas
que não me servem de nada;
Quando chove de repente,
acabo toda encharcada.
E que fria cai a água
sobre a pele ressecada!
Ai…
A leitura como forma de promover a reflexão
Muitas vezes temos dúvidas sobre formas de abordar temas mais complexos ou delicados com as crianças. Preconceito, violência. pandemia, luto... Muitos dos temas tão comuns em nosso cotidiano, aos quais as crianças estão expostos o tempo todo, exigem uma capacidade de abstração e conhecimento de conceitos que as crianças, por seu pouco tempo de vivência, podem não possuir.
Mas por meio da arte, da literatura, da música, é possível sensibilizá-las e prepará-las para uma conversa mais amena e compreensível.
Lendo o poema acima, podemos pensar, por exemplo em situações de exclusão e briga entre amigos, tão comuns nessa idade. A analogia com os guarda-chuvas nos permite abrir uma conversa sobre como todos, com suas particularidades são ao mesmo tempo imperfeitos e necessários.
E a literatura infantil de qualidade está repleta de outros textos capazes de alimentar boas conversas.
E o lugar da arte gráfica?
Boas imagens, escolhidas com critério, são ferramentas eficazes na ampliação do acervo emocional das crianças e adolescentes, visto que vivem em um mundo cada vez mais repleto de estímulos visuais
Obras consagradas como A mãe morta e a criança (1899), de Edvard Munch, O beijo, de Gustav Klimt e O grito, de Edvard Munch, podem servir como ponto de partida para conversas delicadas, como o luto, tristeza, amor, acolhimento.
O olhar da criança é aberto e sensível, capaz de fazer leituras inesperadas e trazer respostas para situações nas quais apenas as palavras não são capazes de expressar.
Antes de adentrar o universo da criança e tentar compreender seus sentimentos, emoções e compreensão dos fatos que ocorrem no mundo, necessitamos nos aproximar dela, abrir o caminho e acolher tudo o que ela tenha para nos dizer.
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